sexta-feira, 5 de junho de 2009

Carlinhos Brown lança música de alerta para a preservação do planeta


Talvez por ter sido menino criado solto pelo Candeal, crescendo junto com pés de manga, cajá e araçá, que já não estão mais lá, Carlinhos Brown foi facilmente convencido da urgência de ações em defesa do meio ambiente. No Carnaval, levou um urso-polar e uma baleia-jubarte para a rua e, pela internet, lançou um videoclipe para falar ao mundo dos cuidados que a Terra Mãe Água (Earth Mother Water) precisa. Ele vê no seu papel de comunicador o seu jeito de ajudar.

A TARDE - O que te motivou a agir pelo meio ambiente?

Carlinhos Brown - Foi ser um eterno necessitado da energia ambiental, que não é só a que vem da natureza, mas a que resulta da harmonia ambiental entre pessoas, flora e fauna. Eu moro à beira-mar, mas nasci num bairro que era um floresta e vi tudo isso ser destruído pela especulação imobiliária e nada podia fazer. Me chocou quando vi que o pé de araçá que eu amava e que eu sabia que podia durar até meus netos foi derrubado para botar um prédio no lugar. Aqui já não venta como antes. De manhã, os carros amanheciam neblinados, por causa da vegetação. Isso foi me amadurecendo, e, também, o fato de estar correndo o mundo, de conhecer cientistas, de participar de palestras. Agora o momento é de alerta, para educar. Os ambientalistas e cientistas têm medo do alarmismo, mas eu acho que é preciso alarmar mesmo.

AT - Daí, a ideia do videoclipe sobre as mudanças climáticas?

CB - Sim, o videoclipe foi para o mundo inteiro. Passou por cientistas. Era minha forma de colaborar, e tivemos apoio de ingleses ligados ao meio ambiente, de cientistas, de pesquisadores que veem o artista como propagadores, me juntei com gente de cinema, fomos em lixões, mostramos que o meio ambiente também envolve as pessoas. É o “meio ambiente inteiro”, que é uma integração geral com o ser humano.

AT
- Você acha que o artista tem de se engajar mais?

CB - A arte corre o mesmo risco que todos. E, se o artista é um comunicador, ele deve colaborar não só com o exemplo pessoal, mas para alertar a massa. Não estou fazendo nada a não ser colaborar com este momento de educar as pessoas. Vejo que é muito difícil neste processo as ações serem tomadas de imediato porque vai mexer em algo que é um dos maiores problemas, que é o consumo. Hoje, o consumo está desenfreado por causa dessa fartura de produtos. Mas pode começar pensando assim: “quer ajudar o meio ambiente”? Então, separe o lixo corretamente. Todo mundo pode separar o lixo corretamente. Quer ajudar o meio ambiente? Então, alô, senhores cidadãos das praias de Itapuã à Ribeira, quem disse que é obrigação do prefeito ou do gari limpar a sujeira que você deixa na praia? Leve um saquinho. É um absurdo jogar pontas de cigarro na praia. O chiclete é uma desgraça!

AT - O que você vê de mais grave ameaça ao meio ambiente em Salvador?

CB - Tem a orla, que é nossa sala de visitas e que está daquele jeito. A praia mostra também a questão da governança. A orla de Salvador é a total demonstração da falência da capacidade gestora pública. Os órgãos não se entendem e tá uma degradação só. Também vejo que já estava na hora de a prefeitura fazer uma coisa maior em coleta seletiva porque não se pode cobrar isso só da classe média. Todos os bairros têm de ter estrutura para a coleta seletiva. Mas, mais do que falar, tá na hora de juntar essa cidade toda e ver: “Onde é que eu posso plantar?” e a gente fazer uma grande plantio de árvores pelos vales onde antes tinha grandes árvores, como mangueiras, como no Vale de Nazaré. Minha vontade era conseguir uma área para criar algum projeto de educação ambiental para levar as pessoas a terem contato com a natureza.

Fonte: http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=1160369

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