sábado, 4 de julho de 2009

Extrativistas fazem retirada ilegal de areia e arenoso em Barra do Pojuca

Antes, uma área de vasta mata atlântica. Agora, o que prevalece é um cenário de devastação profunda. Há mais de dez anos, extrativistas retiram, derrubando a vegetação, areia e arenoso de forma irregular em Barra do Pojuca, distrito de Camaçari, região metropolitana de Salvador. O material é usado para alimentar o mercado da construção civil.


O estrago, em apenas duas áreas vistoriadas por técnicos do Instituto do Meio Ambientes (IMA), é de cerca de 20 hectares – o que equivale a mais de 20 campos de futebol iguais ao da Fonte Nova (que mede 8.500 m²). A devastação em toda a região pode ser maior, já que existem outros pontos ainda não descobertos.


Segundo a geóloga do IMA, Conceição Serra, a extração que acontece nos dois lugares foi feita de maneira completamente “doida”. “Podemos ver diversas áreas de escavações somente no ponto onde eles retiram arenoso. Isso é uma evidência de que não há planejamento”, analisa a especialista. “Neste lugar, tem concentração de arenoso, mas também de argila e outros minerais. Podemos observar que, quando cessa a faixa de arenoso, com valor comercial maior, eles abandonam a localidade e buscam outra para explorar”, explica.


Do ponto mais alto da área de extração de arenoso, era possível avistar máquinas retirando areia de outros ponto de exploração. Mas, quando os fiscais chegaram ao local, 30 minutos depois, os criminosos já haviam fugido.


Denúncia – A descoberta das áreas de extração só foi feita após denúncia feita por um leitor de A TARDE e encaminhada, por meio da redação, à direção do IMA. A denúncia apontava a presença de pessoas armadas protegendo o garimpo. Por conta disso, dois policiais da Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (Coppa) acompanharam a equipe do IMA. A informação de homens armados foi confirmada por um morador que prefere ter o nome não divulgado. No entanto, durante a vistoria nenhum “capanga” foi preso.


A equipe de A TARDE, que foi a Barra do Pojuca para acompanhar a vistoria, chegou ao local antes dos técnicos do IMA, por volta das 15h30, na última quarta-feira. Enquanto esperava, presenciou um entre-e-sai de caçambas e escavadeiras na área de garimpo. Um das caçambas trazia plotado o nome da empresa Imperial Ambiental. Meia hora depois, os especialistas do órgão do meio ambientes e a polícia ambiental chegaram ao local e seguiram para o ponto da denúncia, na Rua Firmino Barreto.


O caminho para chegar na área é de difícil acesso, exigindo muito cuidado. No trajeto, foi constatado que os extrativistas abriram caminhos alternativos para escoar a carga. Esta prática, de acordo com o engenheiro sanitário do IMA, Nilson Rocha, é para fugir da fiscalização. “Provavelmente, eles já devem saber que estamos aqui. Por isso, durante alguns dias vão parar de explorar a área, mas logo voltarão”, ressalta ele.


Fauna e flora – Como consequência direta da extração de areia e arenoso, a mata atlântica da região é brutalmente derrubada. Espécies que demoram anos para crescer são transformados em lenha. “Eles provocaram uma verdadeira tragédia, um crime ambiental de grande dimensão” destaca Conceição, que contabilizava a extensão da área afetada com auxílio de um GPS. “As imagens são enviadas para o IMA para que saibamos exatamente a tamanho dos estragos, além de mapearmos o local”, informa a especialista.


A localidade também é conhecida pela diversidade de animais. Lá, segundo moradores, podem ser encontrados, por exemplo, onça pintada e bicho-preguiça. Ainda segundo os moradores, os bichos acabam fugindo por conta das queimadas provocadas pelos extrativistas para limpar a área de extração.


http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=1179773

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