sábado, 12 de novembro de 2011

Pessimismo: entidades ambientais temem por fracasso da Rio+20

Angela Joenck Pinto


Duas das entidades ambientais mais conhecidas do mundo estão pessimistas quanto à Rio+20, conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável que ocorrerá em junho do próximo ano, no Rio de Janeiro. Para representantes de Greenpeace e WWF, é preciso conter as expectativas para o evento, que marca os 20 anos da Eco-92 e tem a pretensão de renovar o engajamento dos líderes mundiais com as questões ecológicas.

O pessimismo passa pelo que será apresentado e discutido em Durban, na África do Sul, entre 28 de novembro e 9 de dezembro deste ano, durante a 17ª Conferência das Partes da Convenção do Clima (COP17), que debaterá a contribuição da "economia verde" para o desenvolvimento sustentável e a eliminação da pobreza no mundo.

"O que se espera de avanços em termos de rumo do desenvolvimento na Rio+20 tem muito reflexo no que vai ser alcançado em Durban. Se os países conseguirem avançar em alguma coisa sobre uma nova fase do protocolo de Kyoto, ou mais compromissos em termos de mudanças climáticas, acho que a Rio+20 pode ter algum avanço. Mas se não tiver nenhum avanço, certo pessimismo pode recair sobre o evento", diz Renata de Camargo, porta-voz de políticas públicas do Greenpeace.

"Conferência de segundo nível"
Em entrevista ao Terra direto da Suíça, o superintendente de Conservação do WWF-Brasil Cláudio Maretti não poupou críticas às Nações Unidas e ao Brasil por causa da provável ausência de importantes líderes mundiais na Rio+20, como o primeiro-ministro britânico David Cameron. "A presença dele e de outros dependeria, em primeiro lugar, de as Nações Unidas tentarem fazer uma cúpula e não uma conferência de segundo nível. A comissão de eventos sustentáveis não dedicou suficiente tempo de preparação, e isso é necessário na organização de atividades que pretendem mobilizar a sociedade. Em segundo lugar, depende da mobilização do Brasil para assumir a liderança dessa missão", declara.

Maretti aponta ainda mensagens contraditórias vindas do governo brasileiro. "Os ministérios do Meio Ambiente e das Relações Exteriores dizem que o país tem papel muito importante e que deve, cada vez mais, assumir uma liderança de fato. Mas quando vi o discurso da presidente Dilma nas Nações Unidas, ela falou de nível de pobreza, da crise econômica, mas não fez nenhuma relação entre isso e desenvolvimento sustentável. Ela convida os chefes de governo de outros países como quem diz 'a gente tem lá uma reunião qualquer. Venham, por favor!'", finaliza.

Carnificina e mau exemplo
O papel do Brasil nesse cenário é fundamental. Apresentando a maior biodiversidade do mundo, o país, segundo dados da WWF, foi o que mais diminuiu emissões de carbono na última década. E a expectativa é que se torne um produtor de energias alternativas sustentáveis. Contudo, para os ambientalistas, os anfitriões da Rio+20 não estão dando o exemplo que lhes cabe. "Podemos ser um país revolucionário no mundo e podemos fazer isso de forma sustentável, mas qual é a mensagem que a gente dá para o mundo quando fazemos essa carnificina no Código Florestal?", questiona Cláudio Maretti, lembrando a polêmica discussão que começou na Câmara e agora chegou ao Senado. "Acho que a responsabilidade é dos Estados Unidos, da França, da Inglaterra, da Indonésia, da Índia, da China, mas é, em primeiro lugar, do Brasil, que está dando um mau exemplo", completa.


http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI5466551-EI238,00-Pessimismo+entidades+ambientais+temem+por+fracasso+da+Rio.html