Angela Joenck Pinto
Duas das entidades ambientais mais conhecidas do mundo estão pessimistas quanto à Rio+20, conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável que ocorrerá em junho do próximo ano, no Rio de Janeiro. Para representantes de Greenpeace e WWF, é preciso conter as expectativas para o evento, que marca os 20 anos da Eco-92 e tem a pretensão de renovar o engajamento dos líderes mundiais com as questões ecológicas.
O pessimismo passa pelo que será apresentado e discutido em Durban, na África do Sul, entre 28 de novembro e 9 de dezembro deste ano, durante a 17ª Conferência das Partes da Convenção do Clima (COP17), que debaterá a contribuição da "economia verde" para o desenvolvimento sustentável e a eliminação da pobreza no mundo.
"O que se espera de avanços em termos de rumo do desenvolvimento na Rio+20 tem muito reflexo no que vai ser alcançado em Durban. Se os países conseguirem avançar em alguma coisa sobre uma nova fase do protocolo de Kyoto, ou mais compromissos em termos de mudanças climáticas, acho que a Rio+20 pode ter algum avanço. Mas se não tiver nenhum avanço, certo pessimismo pode recair sobre o evento", diz Renata de Camargo, porta-voz de políticas públicas do Greenpeace.
"Conferência de segundo nível"
Em entrevista ao Terra direto da Suíça, o superintendente de Conservação do WWF-Brasil Cláudio Maretti não poupou críticas às Nações Unidas e ao Brasil por causa da provável ausência de importantes líderes mundiais na Rio+20, como o primeiro-ministro britânico David Cameron. "A presença dele e de outros dependeria, em primeiro lugar, de as Nações Unidas tentarem fazer uma cúpula e não uma conferência de segundo nível. A comissão de eventos sustentáveis não dedicou suficiente tempo de preparação, e isso é necessário na organização de atividades que pretendem mobilizar a sociedade. Em segundo lugar, depende da mobilização do Brasil para assumir a liderança dessa missão", declara.
Maretti aponta ainda mensagens contraditórias vindas do governo brasileiro. "Os ministérios do Meio Ambiente e das Relações Exteriores dizem que o país tem papel muito importante e que deve, cada vez mais, assumir uma liderança de fato. Mas quando vi o discurso da presidente Dilma nas Nações Unidas, ela falou de nível de pobreza, da crise econômica, mas não fez nenhuma relação entre isso e desenvolvimento sustentável. Ela convida os chefes de governo de outros países como quem diz 'a gente tem lá uma reunião qualquer. Venham, por favor!'", finaliza.
Carnificina e mau exemplo
O papel do Brasil nesse cenário é fundamental. Apresentando a maior biodiversidade do mundo, o país, segundo dados da WWF, foi o que mais diminuiu emissões de carbono na última década. E a expectativa é que se torne um produtor de energias alternativas sustentáveis. Contudo, para os ambientalistas, os anfitriões da Rio+20 não estão dando o exemplo que lhes cabe. "Podemos ser um país revolucionário no mundo e podemos fazer isso de forma sustentável, mas qual é a mensagem que a gente dá para o mundo quando fazemos essa carnificina no Código Florestal?", questiona Cláudio Maretti, lembrando a polêmica discussão que começou na Câmara e agora chegou ao Senado. "Acho que a responsabilidade é dos Estados Unidos, da França, da Inglaterra, da Indonésia, da Índia, da China, mas é, em primeiro lugar, do Brasil, que está dando um mau exemplo", completa.
http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI5466551-EI238,00-Pessimismo+entidades+ambientais+temem+por+fracasso+da+Rio.html
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sábado, 12 de novembro de 2011
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Ecosofia, redes digitais sustentáveis e os efeitos da tecnologia no homem moderno André Bürger
busca por uma dimensão ecossistêmica e não mais antropocêntrica das relações do homem com o meio ambiente é um dos conceitos defendidos pela Ecosofia, novo campo de conhecimento que integra as ciências humanas, naturais e econômicas. O tema foi o assunto principal do 46º Encontro Aberje, realizado pelo capítulo Rio da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), na Universidade Petrobras, com o apoio do Centro de Pesquisa Atopos, ligado à Escola de Comunicação da USP.
Foram convidados o professor Michel Maffesoli, da Universidade de Paris-Sorbone e vice-presidente do Instituto Internacional de Sociologia; e Derrick de Kerckhove, diretor do McLuhan Program in Culture and Tecnology e professor de Letras da Universidade de Toronto, no Canadá.
O conceito vai muito além dos estudos da Ecologia. Nesse campo ligado à filosofia, como explicou Maffesoli, o sujeito egocêntrico perde espaço para uma visão mais sistêmica da realidade e da natureza. O consciente coletivo, nossa cultura, é o elo integrador. Para o professor, a Ecosofia é uma proposta de retorno mental a esse coletivo. “É a completude, mas não a busca da perfeição. É um equilíbrio entre o lado racional e o lado primitivo do homem”, definiu.
Para o pensador, a pós-modernidade é barroca, já que voltamos a uma animalidade, até então esquecida. Ele apontou um reflexo disso na moda, na música e nos jovens. Uma volta ao primitivismo que, em doses homeopáticas, pode evitar um surto de bestialidade como foi retratado, segundo Maffesoli, durante o Holocausto.
“Quando observamos a propaganda na França, por exemplo, vemos elementos estereotipados dos arquétipos culturais da sociedade. Essa imagem comum a todos é usada frequentemente na linguagem publicitária”, contextualiza. Maffesoli deu como exemplo a mobilização mundial em torno do casamento real do príncipe William e da futura princesa Kate, na Inglaterra. “Essa união vai fazer com que todos, mesmo aqueles que não são ingleses, comunguem em função da ocasião, pelo fato de um príncipe estar se casando com uma plebeia. O mito do matrimônio desperta uma segmentação arcaica que faz com que nos liguemos uns aos outros”, explicou.
Acontecimentos desse tipo, até mesmo o funeral da princesa Diana, observou o professor, demonstram que, muito mais importante do que a consciência de classe é o sentimento de pertencimento. Seja ele sobre o ambiente virtual, como as redes digitais ou os espaços físicos, como nossas casas ou bairro. “Não vivemos mais um logocentrismo. Pelo contrário, estamos entrando em um estágio de ‘lococentrismo’, que privilegia o espaço e a matéria”, observou.
O tempo e o hipertexto
Em sua fala, o professor Derrick de Kerckhove destacou a diferença entre a inteligência coletiva e a inteligência conectada, que é quando os diferentes conhecimentos da sociedade estão alinhados em harmonia. Após apresentar uma panorâmica sobre a evolução do homem em relação à escrita, desde a comunicação oral até os dias de hoje, Kerckhove concluiu que com a internet houve uma aceleração dos meios de informação e do contato interpessoal. “O pensamento hipertextual é uma questão de tempo e não de espaço. Como dizia Marshall McLuhan: o pensamento é mais rápido que a luz”.
Entretanto, ele apontou consequências negativas da alta velocidade comunicacional e grande conectividade virtual. “Estudos apontam que as pessoas já não conseguem reconhecer bem as fisionomias. As relações interpessoais foram afetadas pela prática excessiva dos contatos por meio do computador”, alertou.
Como metáfora dessa forma de raciocínio moderno, o professor descreveu duas situações: a mecânica da web semântica e suas tags. Um espaço onde todos os links são feitos em tempo real. “São projeções da divisão do trabalho entre os dois hemisférios do cérebro”, explica. Outros exemplos são o formato de organização das informações em cloud computing, uma espécie de agregador de conhecimento, e na Wikipédia, enciclopédia colaborativa e virtual.
Kerckhove ressaltou que, com diversos avanços – touch screen, projeções holográficas, por exemplo –, o corpo humano tornou-se uma extensão dessa tecnologia. “Estamos imersos nessa extensão, como previu McLuhan. Sem a Ecosofia e sua proposta de equilíbrio, essa evolução levará o homem e seu mundo a um colapso. Nada é perfeito, mas começamos a ver uma nova atitude de pensar as coisas de maneira positiva. E a Ecosofia estará ao alcance de todos.”
http://www.nosdacomunicacao.com/panorama_interna.asp?panorama=444&tipo=R
Foram convidados o professor Michel Maffesoli, da Universidade de Paris-Sorbone e vice-presidente do Instituto Internacional de Sociologia; e Derrick de Kerckhove, diretor do McLuhan Program in Culture and Tecnology e professor de Letras da Universidade de Toronto, no Canadá.
O conceito vai muito além dos estudos da Ecologia. Nesse campo ligado à filosofia, como explicou Maffesoli, o sujeito egocêntrico perde espaço para uma visão mais sistêmica da realidade e da natureza. O consciente coletivo, nossa cultura, é o elo integrador. Para o professor, a Ecosofia é uma proposta de retorno mental a esse coletivo. “É a completude, mas não a busca da perfeição. É um equilíbrio entre o lado racional e o lado primitivo do homem”, definiu.
Para o pensador, a pós-modernidade é barroca, já que voltamos a uma animalidade, até então esquecida. Ele apontou um reflexo disso na moda, na música e nos jovens. Uma volta ao primitivismo que, em doses homeopáticas, pode evitar um surto de bestialidade como foi retratado, segundo Maffesoli, durante o Holocausto.
“Quando observamos a propaganda na França, por exemplo, vemos elementos estereotipados dos arquétipos culturais da sociedade. Essa imagem comum a todos é usada frequentemente na linguagem publicitária”, contextualiza. Maffesoli deu como exemplo a mobilização mundial em torno do casamento real do príncipe William e da futura princesa Kate, na Inglaterra. “Essa união vai fazer com que todos, mesmo aqueles que não são ingleses, comunguem em função da ocasião, pelo fato de um príncipe estar se casando com uma plebeia. O mito do matrimônio desperta uma segmentação arcaica que faz com que nos liguemos uns aos outros”, explicou.
Acontecimentos desse tipo, até mesmo o funeral da princesa Diana, observou o professor, demonstram que, muito mais importante do que a consciência de classe é o sentimento de pertencimento. Seja ele sobre o ambiente virtual, como as redes digitais ou os espaços físicos, como nossas casas ou bairro. “Não vivemos mais um logocentrismo. Pelo contrário, estamos entrando em um estágio de ‘lococentrismo’, que privilegia o espaço e a matéria”, observou.
O tempo e o hipertexto
Em sua fala, o professor Derrick de Kerckhove destacou a diferença entre a inteligência coletiva e a inteligência conectada, que é quando os diferentes conhecimentos da sociedade estão alinhados em harmonia. Após apresentar uma panorâmica sobre a evolução do homem em relação à escrita, desde a comunicação oral até os dias de hoje, Kerckhove concluiu que com a internet houve uma aceleração dos meios de informação e do contato interpessoal. “O pensamento hipertextual é uma questão de tempo e não de espaço. Como dizia Marshall McLuhan: o pensamento é mais rápido que a luz”.
Entretanto, ele apontou consequências negativas da alta velocidade comunicacional e grande conectividade virtual. “Estudos apontam que as pessoas já não conseguem reconhecer bem as fisionomias. As relações interpessoais foram afetadas pela prática excessiva dos contatos por meio do computador”, alertou.
Como metáfora dessa forma de raciocínio moderno, o professor descreveu duas situações: a mecânica da web semântica e suas tags. Um espaço onde todos os links são feitos em tempo real. “São projeções da divisão do trabalho entre os dois hemisférios do cérebro”, explica. Outros exemplos são o formato de organização das informações em cloud computing, uma espécie de agregador de conhecimento, e na Wikipédia, enciclopédia colaborativa e virtual.
Kerckhove ressaltou que, com diversos avanços – touch screen, projeções holográficas, por exemplo –, o corpo humano tornou-se uma extensão dessa tecnologia. “Estamos imersos nessa extensão, como previu McLuhan. Sem a Ecosofia e sua proposta de equilíbrio, essa evolução levará o homem e seu mundo a um colapso. Nada é perfeito, mas começamos a ver uma nova atitude de pensar as coisas de maneira positiva. E a Ecosofia estará ao alcance de todos.”
http://www.nosdacomunicacao.com/panorama_interna.asp?panorama=444&tipo=R
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Impactos ambientais geram impactos sociais
Processos de licitação de grandes empreendimentos costumam ser assuntos frequentes em todos os noticiários. Eles são notáveis pelo grande impacto ambiental que geram. Entretanto, pouco ou nada se fala sobre os impactos sociais causados por essas obras. É comum ver moradores de vilas até então pacatas passarem por processos traumáticos como desapropriações e reassentamentos.
Um dos exemplos mais recentes foi a manifestação realizada em frente à Secretaria de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, contra a concessão da licença definitiva de operação à Companhia Siderúrgica do Atlântico, em Santa Cruz.
Moradores, pescadores e representantes da comunidade foram recebidos por técnicos do Instituto Estadual do Meio Ambiente. Os empreendedores são acusados de causar danos ambientais na região. Outro exemplo é o Projeto Nova Luz, em São Paulo, que prevê a desapropriação de prédios comerciais e residenciais no centro da cidade. População e Prefeitura estão em atrito.
Essas intervenções são tão complexas que muitas vezes as comunidades afetadas não conseguem nem entender os benefícios e as compensações desses empreendimentos. Fica realmente difícil enxergar progresso tendo suas vidas totalmente assoladas por maquinários imensos.
Na grande maioria dos casos, essa percepção se deve pelo simples fato de o programa de comunicação social estar equivocado. Elaborado de forma errônea, o que deveria ser um processo ordenado e permanente de relacionamento entre o empreendedor e os diversos públicos envolvidos, simplesmente se perde. Tudo não passa de gastos desnecessários e problemas para ambas as partes.
Para evitar esses impasses, cabe ao empreendedor realizar audiências públicas. Elas funcionam como uma oportunidade única para que a comunidade se manifeste. São nessas reuniões que devem ser levantadas as dúvidas, angustias e preocupações - antes que seja tarde. Afinal, não basta que um empreendimento seja transparente. É preciso que ele seja participativo e que, acima de tudo, atenda a um interesse público.
Logicamente, a comunicação possui um papel fundamental, atuando de forma a gerar uma opinião pública favorável e contribuindo para o fortalecimento da reputação institucional nas organizações. Ela cria ainda um diferencial no relacionamento das organizações com seus stakeholders e suas comunidades, estabelecendo uma relação de parceria a fim de obter benefícios socioambientais e contribuir para o desenvolvimento sustentável.
Felizmente, bons exemplos existem. A EMTU, Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos, mantém ações de relacionamento com as comunidades dos Municípios de Itapevi e Jandira. Trata-se do Programa EMTU na Comunidade, que atua junto às comunidades inseridas no Projeto Corredor Viário Metropolitano Itapevi-Butantã. O projeto foi planejado e desenvolvido para atuar durante o processo de licenciamento ambiental, oferecendo apoio aos moradores que serão desapropriados.
Casos como esse comprovam que não se pode subestimar o impacto social e as mudanças no principal componente do sistema organizacional: as pessoas. Estas não podem ser simplesmente transferidas de um local para outro, religadas, reconfiguradas, reestruturando-se de um dia para o outro. As pessoas devem ser preparadas para o processo de mudança.
Para isso, o plano de comunicação com as comunidades lindeiras afetadas e com os públicos estratégicos deve ser realizado de forma planejada e coerente, antecipada ao processo expropriatório e à efetivação dos impactos.
As vantagens são muitas. Estas ações facilitarão as condições e o tempo necessários para que as pessoas possam reorganizar suas vidas. O empreendedor terá, além de ganho de imagem, economia de tempo, recursos e tranquilidade para a efetivação do projeto. Vale a pena investir.
Lilian Reis - é relações públicas e associada da Communità Comunicação Socioambiental.
Contato: lilian@communita.com.br / www.communita.com.br
Siga os posts do Administradores no Twitter: @admnews.
Um dos exemplos mais recentes foi a manifestação realizada em frente à Secretaria de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, contra a concessão da licença definitiva de operação à Companhia Siderúrgica do Atlântico, em Santa Cruz.
Moradores, pescadores e representantes da comunidade foram recebidos por técnicos do Instituto Estadual do Meio Ambiente. Os empreendedores são acusados de causar danos ambientais na região. Outro exemplo é o Projeto Nova Luz, em São Paulo, que prevê a desapropriação de prédios comerciais e residenciais no centro da cidade. População e Prefeitura estão em atrito.
Essas intervenções são tão complexas que muitas vezes as comunidades afetadas não conseguem nem entender os benefícios e as compensações desses empreendimentos. Fica realmente difícil enxergar progresso tendo suas vidas totalmente assoladas por maquinários imensos.
Na grande maioria dos casos, essa percepção se deve pelo simples fato de o programa de comunicação social estar equivocado. Elaborado de forma errônea, o que deveria ser um processo ordenado e permanente de relacionamento entre o empreendedor e os diversos públicos envolvidos, simplesmente se perde. Tudo não passa de gastos desnecessários e problemas para ambas as partes.
Para evitar esses impasses, cabe ao empreendedor realizar audiências públicas. Elas funcionam como uma oportunidade única para que a comunidade se manifeste. São nessas reuniões que devem ser levantadas as dúvidas, angustias e preocupações - antes que seja tarde. Afinal, não basta que um empreendimento seja transparente. É preciso que ele seja participativo e que, acima de tudo, atenda a um interesse público.
Logicamente, a comunicação possui um papel fundamental, atuando de forma a gerar uma opinião pública favorável e contribuindo para o fortalecimento da reputação institucional nas organizações. Ela cria ainda um diferencial no relacionamento das organizações com seus stakeholders e suas comunidades, estabelecendo uma relação de parceria a fim de obter benefícios socioambientais e contribuir para o desenvolvimento sustentável.
Felizmente, bons exemplos existem. A EMTU, Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos, mantém ações de relacionamento com as comunidades dos Municípios de Itapevi e Jandira. Trata-se do Programa EMTU na Comunidade, que atua junto às comunidades inseridas no Projeto Corredor Viário Metropolitano Itapevi-Butantã. O projeto foi planejado e desenvolvido para atuar durante o processo de licenciamento ambiental, oferecendo apoio aos moradores que serão desapropriados.
Casos como esse comprovam que não se pode subestimar o impacto social e as mudanças no principal componente do sistema organizacional: as pessoas. Estas não podem ser simplesmente transferidas de um local para outro, religadas, reconfiguradas, reestruturando-se de um dia para o outro. As pessoas devem ser preparadas para o processo de mudança.
Para isso, o plano de comunicação com as comunidades lindeiras afetadas e com os públicos estratégicos deve ser realizado de forma planejada e coerente, antecipada ao processo expropriatório e à efetivação dos impactos.
As vantagens são muitas. Estas ações facilitarão as condições e o tempo necessários para que as pessoas possam reorganizar suas vidas. O empreendedor terá, além de ganho de imagem, economia de tempo, recursos e tranquilidade para a efetivação do projeto. Vale a pena investir.
Lilian Reis - é relações públicas e associada da Communità Comunicação Socioambiental.
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Um novo olhar para a sustentabilidade
Segundo Gilles Lipovetsky, importante filósofo contemporâneo, as preocupações do porvir planetário e os riscos ambientais assumiram posição primordial no debate coletivo. Nos últimos anos, quando despertamos para as revelações alarmantes a respeito do aquecimento global, o termo sustentabilidade ganhou a importância merecida na mídia, governos e empresas. Sustentabilidade virou uma febre. As empresas são sustentáveis, o negócio é sustentável, tudo é sustentável. Mas o que é ser sustentável? Que conceitos norteiam as gestões estratégicas das organizações
Ser sustentável hoje, provavelmente, é viabilizar o negócio desde que não impacte em mais custos, tecnologias mais caras. O que todos precisam entender é que há urgência em equilibrar a balança do tripé da sustentabilidade (Triple Bottom Line), a economia não deve pesar mais que o social e o ambiental. Caso isso não ocorra, a natureza cobrará o seu preço. No caso do Japão, o governo gastará 200 bilhões de dólares na reconstrução do país após o desastre.
Em 1987, foi publicado o Relatório "Nosso Futuro Comum" (Our Common Future), elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que fazia duras criticas ao modelo de desenvolvimento adotado pelos países industrializados e reproduzido pelas nações em desenvolvimento, ressaltando os riscos do uso excessivo dos recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas. O relatório apontava para a incompatibilidade entre o desenvolvimento e os padrões de produção e consumo vigentes. Cunhou-se a célebre frase: "Desenvolvimento sustentável é satisfazer as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades".
Ou seja, deveríamos garantir para os nosso filhos, pelo menos, a mesma qualidade de vida que temos hoje e que já não é tão boa assim. As gerações futuras agora com 24 anos (1987 a 2011), perguntam quais medidas foram cumpridas e se é este o futuro que construímos para eles. Devemos mesmo adotar esse conceito? A resposta é não! Os resultados mostram que falhamos e que sustentabilidade é garantir hoje a qualidade do meio ambiente, da vida, gastar o que for preciso para as gerações presentes.
Não há um limite mínimo para o bem-estar da sociedade assim como não há um limite máximo para a utilização dos recursos naturais. Como citou Jeffrey Sachs, professor de Economia e diretor do Instituto Terra da Universidade Columbia, "o mundo está rompendo os limites no uso de recursos, se a economia mundial cresce a um patamar de 5% ao ano significa, neste modelo de desenvolvimento, que continuaremos produzindo grandes impactos ao meio ambiente, nosso planeta não suportará fisicamente esse crescimento econômico exponencial, se deixarmos a ganância levar vantagem, o crescimento da economia mundial já está esmagando a natureza".
Se continuarmos com um modelo de desenvolvimento como o que temos atualmente, em 2050, quando se estima que seremos 9 bilhões de habitantes, teremos uma dívida ecológica de 24 meses, tempo necessário para ela se recompor, mesmo assim, não se tem a certeza se o planeta agüentará uma pressão deste tamanho.
Há um grande equívoco que preciso deixar claro quando se fala em desenvolvimento. É comum falar em desenvolvimento sob o prisma do crescimento da economia, o Brasil está entre os 10 países mais ricos do mundo, mas o relatório do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mostra o Brasil na 73ª posição entre 169 países. De acordo com o relatório, aproximadamente 8,5% da população brasileira vive abaixo da linha da pobreza, ou seja, 17 milhões de brasileiros vivem com menos de R$60 por mês. Além da má distribuição de renda, doença crônica no desenvolvimento do Brasil, a saúde e a educação são o que mais pesa na pobreza do país.
Como diria o professor Sachs, "se a ganância vencer, a máquina do crescimento econômico depredará os recursos, deixará os pobres de lado e nos conduzirá a uma profunda crise social, política e econômica". Precisamos propor uma mudança no paradigma da sustentabilidade, o desenvolvimento sustentado necessita incluir o homem nesse processo, numa gestão que inclua as pessoas, tecnologias sem o pressuposto econômico, fontes renováveis e práticas sustentáveis. Como citou Rachel Carson em seu livro Primavera Silenciosa, "o homem é parte da natureza e sua guerra contra a natureza é inevitavelmente uma guerra contra si mesmo... temos pela frente um desafio como nunca a humanidade teve, de provar nossa maturidade e nosso domínio, não da natureza, mas de nós mesmos". A mensagem está dada.
Backer Ribeiro - é relações públicas e doutorando em Ciências da Comunicação pela ECA/USP. Professor da Faculdade de Comunicação e Marketing da FAAP/SP e professor conferencista da ECA/USP. É diretor da Communità, consultoria especializada em comunicação para a sustentabilidade. Contatos: backer@communita.com.br/ www.communita.com.br
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Ser sustentável hoje, provavelmente, é viabilizar o negócio desde que não impacte em mais custos, tecnologias mais caras. O que todos precisam entender é que há urgência em equilibrar a balança do tripé da sustentabilidade (Triple Bottom Line), a economia não deve pesar mais que o social e o ambiental. Caso isso não ocorra, a natureza cobrará o seu preço. No caso do Japão, o governo gastará 200 bilhões de dólares na reconstrução do país após o desastre.
Em 1987, foi publicado o Relatório "Nosso Futuro Comum" (Our Common Future), elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que fazia duras criticas ao modelo de desenvolvimento adotado pelos países industrializados e reproduzido pelas nações em desenvolvimento, ressaltando os riscos do uso excessivo dos recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas. O relatório apontava para a incompatibilidade entre o desenvolvimento e os padrões de produção e consumo vigentes. Cunhou-se a célebre frase: "Desenvolvimento sustentável é satisfazer as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades".
Ou seja, deveríamos garantir para os nosso filhos, pelo menos, a mesma qualidade de vida que temos hoje e que já não é tão boa assim. As gerações futuras agora com 24 anos (1987 a 2011), perguntam quais medidas foram cumpridas e se é este o futuro que construímos para eles. Devemos mesmo adotar esse conceito? A resposta é não! Os resultados mostram que falhamos e que sustentabilidade é garantir hoje a qualidade do meio ambiente, da vida, gastar o que for preciso para as gerações presentes.
Não há um limite mínimo para o bem-estar da sociedade assim como não há um limite máximo para a utilização dos recursos naturais. Como citou Jeffrey Sachs, professor de Economia e diretor do Instituto Terra da Universidade Columbia, "o mundo está rompendo os limites no uso de recursos, se a economia mundial cresce a um patamar de 5% ao ano significa, neste modelo de desenvolvimento, que continuaremos produzindo grandes impactos ao meio ambiente, nosso planeta não suportará fisicamente esse crescimento econômico exponencial, se deixarmos a ganância levar vantagem, o crescimento da economia mundial já está esmagando a natureza".
Se continuarmos com um modelo de desenvolvimento como o que temos atualmente, em 2050, quando se estima que seremos 9 bilhões de habitantes, teremos uma dívida ecológica de 24 meses, tempo necessário para ela se recompor, mesmo assim, não se tem a certeza se o planeta agüentará uma pressão deste tamanho.
Há um grande equívoco que preciso deixar claro quando se fala em desenvolvimento. É comum falar em desenvolvimento sob o prisma do crescimento da economia, o Brasil está entre os 10 países mais ricos do mundo, mas o relatório do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mostra o Brasil na 73ª posição entre 169 países. De acordo com o relatório, aproximadamente 8,5% da população brasileira vive abaixo da linha da pobreza, ou seja, 17 milhões de brasileiros vivem com menos de R$60 por mês. Além da má distribuição de renda, doença crônica no desenvolvimento do Brasil, a saúde e a educação são o que mais pesa na pobreza do país.
Como diria o professor Sachs, "se a ganância vencer, a máquina do crescimento econômico depredará os recursos, deixará os pobres de lado e nos conduzirá a uma profunda crise social, política e econômica". Precisamos propor uma mudança no paradigma da sustentabilidade, o desenvolvimento sustentado necessita incluir o homem nesse processo, numa gestão que inclua as pessoas, tecnologias sem o pressuposto econômico, fontes renováveis e práticas sustentáveis. Como citou Rachel Carson em seu livro Primavera Silenciosa, "o homem é parte da natureza e sua guerra contra a natureza é inevitavelmente uma guerra contra si mesmo... temos pela frente um desafio como nunca a humanidade teve, de provar nossa maturidade e nosso domínio, não da natureza, mas de nós mesmos". A mensagem está dada.
Backer Ribeiro - é relações públicas e doutorando em Ciências da Comunicação pela ECA/USP. Professor da Faculdade de Comunicação e Marketing da FAAP/SP e professor conferencista da ECA/USP. É diretor da Communità, consultoria especializada em comunicação para a sustentabilidade. Contatos: backer@communita.com.br/ www.communita.com.br
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sábado, 19 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Uma ciência também ecológica
A Ergonomia visa preservar o maior patrimônio da natureza: o Homem. Se ela preserva o Homem, é também uma ciência ecológica.
Nascendo com o Homem, quando ainda nem se falava em ecologia, a ergonomia já se dedicava à sua preservação. Modificando os ambientes, quer externa ou internamente, colocando o bem estar das pessoas, faz seu papel.
Quando falamos em preservar o Homem, estamos buscando sua qualidade de vida, qualidade esta principalmente ambiental.
Não se trata apenas da relação do homem com a natureza.
Os "ambientes" em que o Homem vive são diversos e cada qual possui suas características.No trabalho, o Homem tem seu ambiente que, embora único, pode ser dividido em dois ambientes distintos, compondo-se de aspectos físicos e psicológicos. A ergonomia busca salvaguardar a saúde psicofisiológica do ser humano.
O ambiente físico, quando apresenta problemas, tem causas aparentes, visíveis, mensuráveis, palpáveis. Mas, o que dizer do ambiente emocional?O ambiente emocional influi sobre cada indivíduo de forma diferenciada, pois cada um está apto a "sentir" este ambiente de acordo com suas experiências de vida e estado psíquico do momento.
A qualidade do ambiente emocional é uma medida subjetiva que afeta cada um com determinada forma e intensidade.
O que não se deve jamais é separá-los e sim estudá-los como um todo pois estes estão interagindo constantemente, e por vezes, se modificando.As pessoas não agem da mesma maneira o tempo todo, modificam seu comportamento conforme a situação, estado de humor, temperatura, época do ano, etc.
Isto é normal e saudável, pois colabora também na prevenção da monotonia.
Problemas começam à surgir quando o ambiente deixa de se tornar equilibrado pela ação de um ou mais indivíduos com atitudes e/ou personalidades que podem criar "climas insalubres".
Estes indivíduos podem ser caracterizados pelos pessimistas, ambiciosos demais, intolerantes e intoleráveis entre outros.
O desequilíbrio, que pode ser gerado por determinadas reações de cada indivíduo perante a situações inconfortáveis, pode levar a problemas físicos que foram gerados por uma falta de estabilidade emocional no ambiente.
Vale lembrar que cargas emocionais são agentes estressantes tão poderosos quanto cargas físicas.O estado emocional alterado faz com que o hipotálamo e a glândula hipófise trabalhem demais. O cérebro produz em exagero os corticóides, substâncias que em excesso acabam por bloquear as defesas imunológicas. Com a queda da resistência, as doenças se instalam com mais facilidade no organismo. É comum o surgimento de hipertensão e gastrite nestas situações. Também há outros efeitos.
O ritmo do coração aumenta pois o estresse também descarrega adrenalina no sangue, e estas descargas, se forem contínuas, tanto pior para as artérias, que são obrigadas a suportar uma pressão sanguínea maior para cada vez que isto ocorre. Com a sobrecarga dos batimentos cardíacos, os pulmões também passam a trabalhar em excesso, abrindo as portas do organismo para doenças respiratórias.Um dos mecanismos que ajuda a controlar estas situações é o diálogo. Manter um ambiente psíquico saudável garante ao menos 50% de um bom ambiente.
As pessoas querem e gostam de ser ouvidas.O diálogo entre as pessoas é de grande valia na qualidade ambiental, poder dizer o que se pensa e ouvir o que os outros têm a dizer facilita as relações interpessoais e evita mal entendidos.
Estar aberto a novas idéias e atento a possíveis sugestões de melhora também ajuda.Perguntar ao funcionário o que ele quer ou gostaria antes de lhe impor algo, faz com que fique mais fácil o aceite da mudança, sua implantação e sua colaboração.
A conscientização do porquê se utilizar determinada norma ou procedimento e estar aberto à críticas, para melhoramento destas normas, amplia o bem estar no trabalho.
As pessoas necessitam participar ativamente dos processos para se sentirem como parte deles, passando assim de mero expectador a agente modificador.
Tomando para si também a responsabilidade de tornar cada vez melhor seu ambiente.
Não basta ser funcionário: tem que participar!
"Egonomia": preservando o ser humano para torná-lo mais feliz".
Artigo publicado na revista Meio Ambiente Industrial
Para contratar o autor envie e-mail para: atendimento@consultores.com.br
Nascendo com o Homem, quando ainda nem se falava em ecologia, a ergonomia já se dedicava à sua preservação. Modificando os ambientes, quer externa ou internamente, colocando o bem estar das pessoas, faz seu papel.
Quando falamos em preservar o Homem, estamos buscando sua qualidade de vida, qualidade esta principalmente ambiental.
Não se trata apenas da relação do homem com a natureza.
Os "ambientes" em que o Homem vive são diversos e cada qual possui suas características.No trabalho, o Homem tem seu ambiente que, embora único, pode ser dividido em dois ambientes distintos, compondo-se de aspectos físicos e psicológicos. A ergonomia busca salvaguardar a saúde psicofisiológica do ser humano.
O ambiente físico, quando apresenta problemas, tem causas aparentes, visíveis, mensuráveis, palpáveis. Mas, o que dizer do ambiente emocional?O ambiente emocional influi sobre cada indivíduo de forma diferenciada, pois cada um está apto a "sentir" este ambiente de acordo com suas experiências de vida e estado psíquico do momento.
A qualidade do ambiente emocional é uma medida subjetiva que afeta cada um com determinada forma e intensidade.
O que não se deve jamais é separá-los e sim estudá-los como um todo pois estes estão interagindo constantemente, e por vezes, se modificando.As pessoas não agem da mesma maneira o tempo todo, modificam seu comportamento conforme a situação, estado de humor, temperatura, época do ano, etc.
Isto é normal e saudável, pois colabora também na prevenção da monotonia.
Problemas começam à surgir quando o ambiente deixa de se tornar equilibrado pela ação de um ou mais indivíduos com atitudes e/ou personalidades que podem criar "climas insalubres".
Estes indivíduos podem ser caracterizados pelos pessimistas, ambiciosos demais, intolerantes e intoleráveis entre outros.
O desequilíbrio, que pode ser gerado por determinadas reações de cada indivíduo perante a situações inconfortáveis, pode levar a problemas físicos que foram gerados por uma falta de estabilidade emocional no ambiente.
Vale lembrar que cargas emocionais são agentes estressantes tão poderosos quanto cargas físicas.O estado emocional alterado faz com que o hipotálamo e a glândula hipófise trabalhem demais. O cérebro produz em exagero os corticóides, substâncias que em excesso acabam por bloquear as defesas imunológicas. Com a queda da resistência, as doenças se instalam com mais facilidade no organismo. É comum o surgimento de hipertensão e gastrite nestas situações. Também há outros efeitos.
O ritmo do coração aumenta pois o estresse também descarrega adrenalina no sangue, e estas descargas, se forem contínuas, tanto pior para as artérias, que são obrigadas a suportar uma pressão sanguínea maior para cada vez que isto ocorre. Com a sobrecarga dos batimentos cardíacos, os pulmões também passam a trabalhar em excesso, abrindo as portas do organismo para doenças respiratórias.Um dos mecanismos que ajuda a controlar estas situações é o diálogo. Manter um ambiente psíquico saudável garante ao menos 50% de um bom ambiente.
As pessoas querem e gostam de ser ouvidas.O diálogo entre as pessoas é de grande valia na qualidade ambiental, poder dizer o que se pensa e ouvir o que os outros têm a dizer facilita as relações interpessoais e evita mal entendidos.
Estar aberto a novas idéias e atento a possíveis sugestões de melhora também ajuda.Perguntar ao funcionário o que ele quer ou gostaria antes de lhe impor algo, faz com que fique mais fácil o aceite da mudança, sua implantação e sua colaboração.
A conscientização do porquê se utilizar determinada norma ou procedimento e estar aberto à críticas, para melhoramento destas normas, amplia o bem estar no trabalho.
As pessoas necessitam participar ativamente dos processos para se sentirem como parte deles, passando assim de mero expectador a agente modificador.
Tomando para si também a responsabilidade de tornar cada vez melhor seu ambiente.
Não basta ser funcionário: tem que participar!
"Egonomia": preservando o ser humano para torná-lo mais feliz".
Artigo publicado na revista Meio Ambiente Industrial
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